Os meus sonhos troçam de mim, o meu subconsciente conta-lhes tudo sobre mim, contam-lhe tudo o que eu nego todos os dias.
Sem pudor ou compaixão jogam-me todos os meus defeitos e falhanços à cara, chamam-me de gorda, de feia, repugnante. Gritam-me aos ouvidos que ninguém me pega.
Que nem o meu melhor amigo me pegou. Ou melhor. Pegou mas largou de imediato, como se tivesse apercebido que transporto algum cheiro nojento e que venho com defeito de fabrico.
E é nos sonhos que não consigo mentir, não consigo rir e mentir que não preciso de ninguém para ser feliz, que não preciso de ninguém para me chatear.
A verdade é que me sinto incrivelmente sozinha, rejeitada, enjeitada, jogada para um canto como uma peúga velha.
Sou infeliz, deprimente, gorda, surda, bebo e fumo para me matar devagarinho. Porque por medo ou preguiça não o faço eu mesma.
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